terça-feira, 7 de julho de 2009

A UNIDADE DA DIVERSIDADE HUMANA NA VISÃO DE EDGAR MORIN

Anunciei a presença de Edgar Morin no Brasil para participar do "Seminário Internacional Crise Civilizacional: Distintos Olhares"., em Palmas, Tocantins, de 22 a 24 de junho passado, mas não dei notícia do que ele andou falando por lá. Transcrevo abaixo o texto do jornalista Rodolfo Ward, publicado no site Distintos Olhares.

"A unidade da humanidade desabrocha em sua diversidade". A frase do pensador, sociólogo, historiador e filósofo Edgar Morin pontuou nesta segunda-feira, 22, no Campus da UFT em Palmas, sua palestra na abertura do "Seminário Internacional Crise Civilizacional: Distintos Olhares".

O filósofo destacou que o processo de desenvolvimento baseado no cálculo, no viés econômico, provocou a desintegração das culturas regionais. "Não se pode esquecer as culturas regionais. A singularidade de uma cultura faz parte da unidade humana", diz Morin. Para ele, a diversidade humana e a unidade humana são recíprocas, porque tudo está ligado, apesar das aparentes diferenças.

Ao abordar a riqueza e a diversidade cultural humana, Morin frisa que há, pela primeira vez, uma interdependência básica no mundo, gerada pela iminente catástrofe do sistema baseado no estilo de desenvolvimento atual. Esta ameaça de vida e morte paira sobre todos os seres humanos. Ele insta que é preciso haver um sentimento de pátria, não em relação ao solo limitado ao Estado, mas sim em relação ao planeta. "Temos uma mãe comum. A Terra é uma pátria, a nossa pátria".

Bases - Ainda em sua palestra, Morin diz que o processo tecnológico e econômico de desenvolvimento não trouxe apenas malefícios - embora estes sejam maiores que os benefícios. Ele diz que o processo, apesar de tudo, lançou bases para uma sociedade em escala mundial. "Há bases, mas é importante desenvolver a sociedade", diz.

Para ele, o sistema está se em metamorfose, que pode redundar tanto na desintegração do próprio processo quanto na mudança para outro sistema mais adaptado. "Como o verme que se transforma em borboleta. Ele se encasula e se desintegra então para mudar seus processos - tanto em forma quanto internos, como o da digestão. Ele se autodestroi e se recria", diz. Para o filósofo, é possível construir o futuro, conservando o patrimônio cultural das comunidades humanas. "É possível encontrar no passado os caminhos do futuro. Em alguns aspectos será necessária uma regressão, para podermos avançar ao futuro", prega o pensador, frisando que a humanidade precisa repensar seus processos de desenvolvimento e seus cognitivos (forma de pensar). "Precisamos de uma nova política de civilização", pontua.

Simbiose - Morin diz ainda que a construção de uma nova forma de pensar o desenvolvimento da humanidade não passa pela generalização de uma civilização sobre outras, mas sim pela simbiose das civilizações, o encontro do dar e do receber, segundo ele. "É preciso promover o pensamento do Sul (do planeta), que não deve se deixar levar pelo desenvolvimento via cálculo, hiperespecialização ou mercado, mas sim pela qualidade de vida, pela qualidade nas relações humanas e no descanso". Para o filósofo, no Sul há verdade humanas e virtudes civilizacionais que faltam ao Norte, conclamando a que haja um começo, um desvio para que se possa ressuscitar a esperança. "É preciso refletir essa crise civilizacional, a ineficácia dos métodos de desenvolvimento. A crise é chance para renovação, criação, despertar de potencialidades. A porta está aberta, a porta da esperança", finalizou.


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